Verdes
desertos
Do sul da Bahia
Ao Espírito Santo
Espalha o deserto
O senhor Suserano
Das terras nativas
Retira as aldeias
Alastra a tragédia
A desgraça semeia
De dia a dia
De ano a ano
Emana o odor
S.A. Suserano
Replanta o cultivo
Do verde é coberto
Engana o povo
Espalhando o deserto
Autor: Fido do Carmo
Solitude
Ah! Solitude bendita
No ponto onde me basto
Ninguém tem entrada bem-vinda
Autor: Fido do Carmo
Tarde de
domingo
A luz do Sol da tarde
Emana um calor suave
Da sua presença inteira
Que move toda
incerteza
A brisa que toca o
rosto
Refresca meu
sentimento
Do amor e do doce afago
Que estava no
esquecimento
O farfalhar do
arvoredo
Compõem o lindo enredo
Dos nossos sonhos,
gracejo
Que ecoa e afasta o
medo
Autor: Fido do Carmo
Poema para Ela, cravo e canela*
Cuidado
Cuidado
Do latim coera
De exercer a cura
Pelo que se esmera
Cuidado
Do sinal de alerta
De evitar os males
E a mente liberta
Autor: Fido do Carmo
Riacho que deságua como lágrimas de lamento
Pela indecorosa ocupação que usurpa o provento
Da pesca, do pescado, do moquém, desalento
Porto que ancora com tristeza o ser aflito
Da alma afogada pelo barco interdito
O progresso ordena o ganho exclusivo do maldito
Fez-se ponta de lança pro mercado exterior
Um tal progresso antiquado e aniquilador
Que arrasa o bem-viver promovendo tanta dor
Autor: Fido do Carmo
Fortaleza interior
No meu espaço sagrado
Não posso ceder ao agrado
Da entrada que causa estrago
E que me talha em meado
O cerco que tanto preciso
Em volta do íntimo abrigo
Muralha é a força do siso
Pra encarar meu suplício
Autor: Fido do Carmo
O monólogo entendiante
Sobre temas discordantes
Preconceitos aturdidos
Na empáfia do mal dito
Autor: Fido do Carmo
Inconsciente
Tão ciente da realidade atual
Tão ligado na geopolítica global
Tanto sabe de conflito social
Tanto esforço pra assimilar O Capital
Entre tantos, pouco entende o próprio mal
Autor: Fido do Carmo
Esvair-se
Vou transformar tudo
em poesia
Pra ver se a angústia
esvazia
E o aperto do peito
partir
Vou transformar tudo
em estrofe
Pra gente um dia ser
leve
E o bem que há em nós
florescer
Vou transformar tudo
em verso
Por vezes, parece
complexo
E a vida é mesmo assim
Autor: Israel Frois
Tragédia dos
erros
no teatro dos erros
o acerto não tem vez
Errôneo, Lapso e Engano
protagonizam o espetáculo
No centro do palco
A ribalta nos revela
O horror que se confunde
entre atores e plateia
Autor: Fido do Carmo
#ForaBolsonaro
Embrutecer
A labuta ensandecida
Da corrida pela vida
Rarefeita os sentidos
Limitados e tolhidos
Ouve pouco. É inaudível.
Pouco ingere. É insosso.
Sente nada. A incerteza
Do amanhã é realeza
Cheiro parco. É inodoro.
Olha turvo. É embaçado.
Toque bruto. O embaraço
Do refino é desumano
Simbiose indesejada
Apenas quero poder estar só
Impedir invasões pesarosas
Que solapam a paz da minh‘alma
Eu quero o poder do controle
Das doses que tomo dos outros
Pra beber sem perder a razão
Apegos
Me aproximo do corpo
E sinto
A distância na alma
No coração disparado
O consumo
Da culpa dos erros
Na falta da calma
Me assumo
Na dor dos apegos
Autor: Fido do Carmo
Limite
Queria eu ter
A solução
Pra sua dor
Quem dera ser
A salvação
Pro seu sofrer
Só posso eu
Amar você
Por onde for
Autor: Fido do Carmo
*Poema inspirado na hospedagem recebida dos amigos Raquel e Fábio no paraíso chamado Prado. Experiência marcante que nos fez redirecionar a rota de vida.
