sábado, 15 de outubro de 2022

Há de surgir

 

Há de surgir

 

Há de surgir um abrigo seguro

Cercado de fossos profundos

Com adarves em altos muros

Tão forte que impede o abuso

Do intruso poder iracundo

Que cega e faz tudo imundo

 

Há de surgir um sorriso largo

Faceiro como enredo criado

Com a trilha dos Novos Baianos

No embalo de braços amados

Com ébrios afetos forjados

No brasido dos enamorados


Autor: Fido do Carmo

Pobre poema

 

Pobre poema


Há dias em que tudo seca

Lágrima, sorriso e poema

Aonde outrora transbordou

Nada, por mais que esprema

 

Tento, esforço-me a sentir

Coloco-me aberto ao dilema

Com o riso e o olhar ressequido

Só me resta este pobre poema


Autor: Fido do Carmo



quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Mar da existência

 

Mar da existência


A calmaria do alto mar é momentânea

O tempo de tormenta sempre espreita

Atrevo a desbravar o mar da existência

Com o barco tímido de proa bem feita

 

Mas o leme as vezes pesa tanto, tanto...

Segura-lo firme na tormenta é resistência

Num esforço vívido busco manter o fito

E impedir o desvio da bússola da sapiência

 

No limite da sobrevivência do amigo siso

O sopro brando da brisa marinha regressa

Nesse ínterim, refaço-me e ergo o espírito    

A alma, por pouco tempo, descansa sem pressa 


Autor: Fido do Carmo

Alvorada desejosa

 

Alvorada desejosa

Noites frias esquentadas pelas pernas quentes

Pelo afago do colo fragrante e candente

Que me levanta em plena alvorada fria

Aquecido pelo desejo de desfrutar da tua chama

O fim do inverno se anuncia

Ah, primavera!

Já é sentida no calor das tuas belas pernas


Autor: Fido do Carmo

(feito no fim do inverno de 2022)

12 versos de saudades

 

12 versos de saudades

Saudades dos tempos do dia inteiro na rua

De passar as manhãs jogando bola de gude

Dos manjares grátis dos pomares da estação

Da corrida pelas trilhas para o banho no açude

Do antes, do durante e do depois do futebol

De contar e se orgulhar das pilhérias épicas

De ficar o dia inteiro descalço sob a luz do Sol

Da época de soltar pipas e papagaios no céu

Da energia de viver correndo sem se cansar

Das feridas das quedas ser tratadas como troféu

De cada melhor amigo de toda cidade deixada

Lembranças da infância que aquecem a alma


Autor: Fido do Carmo

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Eu Sísifo

 

Eu Sísifo

Todo dia a pedra rola

Não tem hora prevista

Por vezes, rola a noite

Outras, na luz do dia

 

Empenho toda energia

Empurrando morro acima

No cume quase vencido

A força contrária intima

 

Recomeço é o meu nome

De sobrenome esperança

Caminhando com fé na vida

Do castigo faço mudança

 

Cada vez que tento subir

Algo em mim se modifica

As pernas ficam mais firmes

E a mente se purifica


Autor: Fido do Carmo

Tons do Brasil

 

Tons do Brasil

 

Nem todo verde é belo

Uns são força bruta

Outros, deserto

 

Nem todo amarelo é riqueza

Uns são doenças

Outros, avareza

 

Nem todo azul é celeste

Uns são fome

Outros, sangue

 

Nem todo branco é entendimento

Uns são vileza

Outros, esquecimento


Autor: Fido do Carmo

 

sábado, 8 de outubro de 2022

Górgona vencida

 


O vácuo da mão estendida

O rigor dos lábios cerrados

O sisudo olhar inclinado

No silêncio do tom, desagrado

 

Tal qual Górgona da mitologia

O olhar quer fazer virar pedra

Os sentidos e as almas singelas

Faz arder como o frio da Sibéria

 

Mas onde o amor é brasido

Sobrepuja o olhar aquecido

E com calma e certeiro altruísmo

Regenera o afeto perdido

 

Fido do Carmo

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Gira

 

Gira

 

Gira Terra, gira mundo

Giram astros, gira tudo

Gira roda, gira vida

Giro alegre e sisudo

 

Gira Sol, gira estrela

Girassóis, luz que gira

Giravolta, volta e gira

Gira noite e dia

 


Autor: Fido do Carmo

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Irrupção

 

Irrupção 


Raios de impiedade

Incontrolável terror

Atravessam o caminho

Independente do clamor

 

Manifestação assombrosa

Uma estranha irrupção

Criam dúvidas da virtude

E da condição de são


As pistas estão dadas

É preciso esquadrinhar

Quanto maior a ansiedade

Sobrepuja o mau pensar



Autor: Fido do Carmo

 

Gestação mítica

 

Gestação mítica

 

Do Minotauro, o chifre e o rabo

Do centauro, o dorso e casco

Entrelaçam os dois casos

Desumano por dois lados

 

O instinto animalesco

Foi gerado no apreço

Pelo meio mais funesto

E amarrado no cabresto

 

Filhos da destemperança

Geração de intolerância

Violência e matança

Desabona a confiança

 

Se persiste a quimera

Sobram genes de Pandora

E das partes mais humanas

Nascem brotos de esperança


Autor: Fido do Carmo

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Inconsistência

 

Inconsistência

 

Os meus desejos invisíveis

Estão num lugar incólume

E por mais profunda sonda

Eles sempre se escondem

 

Em lampejos devaneios

Cenas surdas entrecortam

E por mais que mude o eixo

Quase sempre elas voltam

 

Um mosaico embaralhado

Por agora, indecifrável

Anseio o fio de Ariadne

Pra torná-lo desvendável


Autor: Fido do Carmo

Amores

 

 Amores

A carência é o motor

Do gênio

Amor

 

O regozijo é a essência

Do Amor

Philia

 

O altruísmo é o norte

Do Amor

Agape


Autor: Fido do Carmo

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Vereda

 

A vereda  

Da verdade

Passa longe

Da vaidade

 

Autor: Fido do Carmo

Minhas manhãs

 

Minhas manhãs

O amanhecer me apetece

É a melhor hora do dia

Primeiro faço um cafezinho

Ao som da linda melodia

 

Do canto dos passarinhos

Que ecoam com cortesia

Uma trilha sonora e alegre

Perfeita para a poesia

 

Eu olho para o horizonte

O astro do céu se anuncia

Sua luz desperta o meu corpo

Carregando a minha energia

 

Aconchego que me move

Para um lugar de harmonia

Toda noite espero o próximo

Amanhecer com café e poesia


Autor: Fido do Carmo

sábado, 1 de outubro de 2022

Caleidoscópio de outubro

 

 

Caleidoscópio de Outubro

 

Concebidos no ponto alto do solstício

Nascidos em pleno curso do equinócio

Os bem-nascidos do mês de outubro

Compõem um lindo caleidoscópio

 

Vinícius, Graciliano e Mario de Andrade

Mahatma Gandhi, Lennon e Sabino

Tom zé, Cartola e Milton Nascimento

Chiquinha Gonzaga e Nelson Cavaquinho

 

Pelé, Garrincha e Maradona

Diderot, Le Guin e Carlos Drummond

Ulysses, Lula e Darcy Ribeiro

Oscar Wilde, Rimbaud e Pablo Picasso

 

Autor: Fido do Carmo

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Z à A

 

Sem dúvidas

    Cem dúvidas

              Sendo vidas

                Certeza       

          Ser tesa

Ser-te, z à a


Autor: Fido do Carmo

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Canção da primavera

Canção da primavera

 (Ao meu Bem, Cravo e Canela)


Quero que você entenda

Sem contendas

Que o meu coração é tenda de amor

 

Por favor, me perdoe

Não ecoes

Os sussurros do incômodo temor

 

Não seremos mais escravos

Dos estragos

Dos grilhões que nos impôs o dissabor

 

E por mais que te entristeça

É vital que esqueças

Não é justo que padeça o nosso grande amor

 

Pois chegou a primavera

Reverbera

A nossa luz e as cores do mais belo esplendor


Autor: Fido do Carmo

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

O tempo


Tão lento o tempo do enfado

Tão rápido o tempo bem gasto

Tão triste o tempo perdido

Tão caro o tempo do amigo

 

Tão raro o tempo do ócio

Tão curto o tempo-dinheiro

Tão sujo o tempo explorado

Lutando o tempo inteiro


Autor: Fido do Carmo

Tempero de amor

Tempero de amor

(Ao meu Bem, Cravo e Canela)


Nesta quarta eu afirmo

O seu amor é alimento

A cada prato digerido

Fortalece o meu sustento


No horário do almoço

Lembro do belo tempero

Uma alquimia amorosa

Que me traz um acalento 


Autor: Fido do Carmo



terça-feira, 27 de setembro de 2022

Diligência

Diligência


Oh, meus pés, me perdoem

Mas andar é diligência

Pela sede do horizonte

Sigo firme em persistência


Autor: Fido do Carmo

Esperança

 

Esperança

Os tempos sombrios são levados tal como nuvens

O cinza do céu esmaece para surgir o azul da bonança

Consigo ver, ao longe, as velas brancas do barco sereno

Ansiando o embarque, pulo e nado no mar da mudança

 

As correntes são fortes. As ondas, verdadeiros gigantes

Meus braços não cessam, remam até chegar a remansa

A cada braçada encurto a distância da falta que sinto

Do bem que esquecera e que agora, tão perto, esperança


Autor: Fido do Carmo

domingo, 25 de setembro de 2022

Poema ruim

 


Poema ruim da rima vadia

Escrevo e erro ou espero o talento?

Se o dom é faltoso e não traz simpatia

A coragem é farta e a cura, rebento


Autor: Fido do Carmo

Desver

 

Desver

 

Vou desver e reverter a cena infame

Que me solte deste complicado arame

Que me cerca por mais alto que eu clame

 

Vou vencer e reverter o tal certame

Com tática, tal qual um vietcongue

Pra verter e ver o bem em mim inflame


Autor: Fido do Carmo

Órbita

 

Órbita

 

As voltas que a Terra dá

Entorno de si mesma

Diferem das minhas voltas

De introspecção

 

Enquanto a Terra gira

Promovendo a noite e o dia

Meu giro ensimesmado

Promove a solidão


Autor: Fido do Carmo

sábado, 24 de setembro de 2022

Emascular ou Embeber

 

Emascular ou Embeber

 

Toda boca ferida

Ardida ao invés de adoçada

Cospe, morde, talha

 

Todo ser talhado

Podado ao invés de regado

Seca, murcha, morre

 

Toda alma singela

Aberta ao invés de trancada

Busca e rega a cura


Autor: Fido do Carmo

Cozer da dor

 

Cozer da dor

 

Na cozinha

O sabor em cheiro

Mal disfarça

A dor da alma

 

No Lacrimejo

A cebola amarga

Bem tempera

O sofrimento

 

No alimento

O sabor oculta

Meio dia

De lamento


Autor: Fido do Carmo

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Quase epílogo

 

Quase Epílogo


Um sopro

Suspiro

O fim

Passeou

Na mente

Fugente

Um quase

Epílogo


Autor: Fido do Carmo

Utopia

 

Utopia

A história enfim se inicia

Lugar de ciência, arte e filosofia

Em que o bom senso se eleva como guia

     Sem classes e com a riqueza bem dividida   

Tomado pela solidariedade e pela poesia

No horizonte pelo qual lutamos

Em algum lugar chamado

Utopia


Autor: Fido do Carmo

Utopia latina

 

Utopia latina

 

En los pasos de Galeano

E ao som de Caetano

Adelante mis hermanos

Caminando e cantando

Pero siempre em bando

 

Autor: Fido do Carmo

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

1º turno

 

1º turno

 

No dia 2 do mês de outubro, dia do 1º turno

É nossa oportunidade de evitar o infortúnio

Do ser desprezível, malnascido do coturno

Que desperta um sentimento sombrio, taciturno

 

Diante da desgraça que guiou todo o decurso

O povo se revolta com o tamanho do absurdo

Pois o ser inominável zomba e se faz de surdo

Não assume a própria culpa pelo estrago obscuro

 

Com 100 anos de sigilo deixa tudo encoberto

Da milícia às rachadas, estão todos submersos

Mas o fim dessa quadrilha já está em pleno curso

Pois o povo grita alto, Lula no 1º turno


Autor: Fido do Carmo

Vontade e razão

 Abram as janelas da alma  Destranquem vossos corações  Que o frescor da brisa praiana Tire o peso das más condições Que a beleza suplante a...