segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Confiança

Confiança 

(Ao meu Bem, Cravo e Canela)


Tu és força eterna

Teu ser arde em brio

Beleza pura e terna

Fulgor elevado a mil


Tu és lua cheia de luz

Brilho que ofusca o mal

Clarão que ilumina e conduz

Para além do sentido carnal


Voltarás ao meu colo um dia?

Meu coração contrito espera

Sofrendo de tanta agonia


Acreditarás na minha honraria?

Sou leal e a verdade revela

Que a confiança nos curaria

Autor: Fido do Carmo 


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Soneto da vitória

 Soneto da vitória

(Ao meu Amor, Cravo e Canela)

Hoje, eu sou apenas amor

Desvio da trilha da dor

E sigo sem nenhum pudor

Rumo ao lugar do esplendor


Venha comigo, meu Amor

Te guio com todo ardor

No encalço norteador

Da alegria seremos pendor


Ao aportar no rochedo

Nossos pés firmes serão

E pra trás ficará todo medo


Este é o nosso enredo

Confie em mim com decisão

Temos tempo!  Tempo certo!

Autor: Fido do Carmo 

sábado, 14 de janeiro de 2023

Do esmaecer ao revigorar do amor

 

Do esmaecer ao revigorar do amor
(Ao meu Bem, Cravo e Canela)

Um fluir que entristece. É o esvair da tua presença. Dissipando os teus afetos. Afasta-nos, o medo do sofrimento. A distância ascende tal qual balão em brasido. Ao longe, vejo as velas brancas encobertas por nuvens de lamento. Do bem que pudera ser.


A distância que era longa se encurta tão depressa. Almas que se apaixonaram, amam-se. O afeto nunca esgota com facilidade aonde outrora se fizera fértil. Com os sacos de areias do amor, volta o balão para o chão da existência. As velas ficam tão claras quando refletem a luz do seu sol. Bem retorna o bom amor.



Autor: Fido do Carmo

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Paladar


O pior do pesadelo passou. O inferno provado amargamente acabou, mas o paraíso ainda está distante. A lembrança do amargor se faz presente no paladar ressentido. O hoje ainda está contaminado com o amargor do ontem. As nossas papilas precisam saborear o hoje com boas doses do amanhã. É no devir, bem temperado com sonhos e luta, que ressignificaremos o paladar da existência. O amargor ressentido do passado vai se esvaindo, indo e indo. Qual será o sabor do paraíso?

Autor: Fido do Carmo

Divagar

 

Divago de-va-gar

Vagueio semparar

Sigo a devanear

Va-ga-ro-sa-men-te

 

Pensamento vagabundo

Desprendido, errante

Toma-me o rumo

li-ber-tan-te

 

    Leva-me                                                                             como

                        pluma

Liberta                                a

                              minha

mente                                   do      

                                                                                      rigor

                                                         pe-ri-cli-tan-te


Autor: Fido do Carmo

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

O Sol te chama

 O Sol está te chamando. Venha! Siga àquela Luz e as suas pétalas se abrirão. Mas como são várias camadas de pétalas sobrepostas, das mais diversas cores, cheiros e texturas, elas precisam de muita luz, água limpa e bom adubo. Só assim, sentem-se confortáveis para mostrar toda a sua imponência.


As flores mais raras são também as mais difíceis de cuidar. Tais flores não se contentam com a penumbra, menos ainda com qualquer água, solo ou ambiente. Elas necessitam de equilíbrio e condições favoráveis para o seu pleno afloramento.


O tempo está mudando. As condições de nebulosidade estão sendo sopradas para longe. O céu azul e o vento bom já dão sinais de permanência. O firmamento, do oriente ao ocidente, revelam o brilho do Sol que te guiará ao lugar da bonança.


O Sol está te chamando. Venha! O mundo precisa te ver. A paisagem sem as tuas cores perece na incompletude. No horizonte é possível avistar a primavera da vida. E o Sol... ah, o Sol! Ele te aguarda ansioso para te aquecer e ver você desabrochar.

(Para a minha Amada Cravo e Canela) 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

A mente

 

A mente

Às vezes

Temente

Esconde

Da gente

Memórias

Pendentes

 

Entrementes

Hiatos

Silentes

Calados

Correntes

Castigo

Doente


Autor: Fido do Carmo

Passarinho

 

Passarinho

Queria ser um passarinho

Pra ser empurrado do ninho

E incentivado a sozinho voar

 

Queria ser um joão-de-barro

Pra me ocupar com um belo trabalho

Que eu próprio iria aproveitar

 

Queria ser um beija-flor

Pra viver pairando sob o sabor

E do néctar doce me deleitar

Autor: Fido do Carmo

Tempestade

Ah! A tempestade quando chega

Molha e desfaz aquela quase certeza

Carrega tudo que, frouxo, vagueia

No chão da existência, arrasta a correnteza


Autor: Fido do Carmo

 

sábado, 10 de dezembro de 2022

Cultivo

 O trabalho das mãos na labuta

Sol a sol não é nenhum castigo

É dádiva em ter a terra sonhada

Pra cultivar o sustento bendito


Até mesmo as ervas daninhas

E as pragas que estão no caminho

Ensinam-nos a vencer as agruras

Que traz o mundo, o grande moinho


A espera também muito ensina

Do plantio à colheita, o cuidado

Hora certa da rega e da poda

Pra colher sem que tenha tardado


E no prato servido à mesa

Bem temperam as mãos calejadas

Com o sabor do suor da peleja

Torna as almas regozijadas


Autor: Fido do Carmo

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Noites claras

 

Há dias em que a noite me apetece

O seu silêncio ruidoso de mistérios

E o céu em breu polvilhado de brilho

Guiam-me pra além do planisfério

 

Nesses dias tudo fica lúcido

As certezas atravessam o lamento

Revestindo-se de siso e firmeza

Levam-me ao bom discernimento

 

Até as incertezas mais perenes

Dão trégua por um breve instante

Tudo parece tão clarividente

Calculadamente equidistante

 

As luzes em meio à escuridão

São o rumo que eu tanto preciso

Pra clarear a neblina de angústias

E transbordar o melhor do meu riso


Autor: Fido do Carmo

domingo, 13 de novembro de 2022

Vento bom

 

Soprou um certo vento bom

Refrescante tal hortelã

Com força pra levar o mal

Pairado sobre o meu clã

 

Brisa que areja a paz

Faz o trabalho de artesã

Com esmero e fineza

Modela a minha mente sã

 

Como Éolo vou fazer

Guardar a brisa pra amanhã

E se aquele mal brotar

Farei do vento o meu divã


Autor: Fido do Carmo

domingo, 6 de novembro de 2022

Pomar de poemas

 


Sonhei com um pomar de poemas

Todo dia brotavam novos versos

Sempre colhia os mais maduros

Eram sobre os temas mais diversos

 

No sonho, o pomar era balsâmico

Uma mistura de flores e frutos

Enfeitava e alimentava a casa

Saciando com belezas e usufrutos

 

Acordei e, logo, olhei no quintal

Lá estava apenas o velho pomar

Mangas, jaboticabas e pitangas

Exalando como um belo manjar

 

Os poemas não estavam por lá

A procura me levou a pensar

Que o pomar muito ajuda a criar

A depender da forma de olhar

 

A poesia não dá como fruta

Nasce e se faz no enlace do amar

Em terra adubada pelo sentir

Brota a vontade de declamar


Autor: Fido do Carmo

sábado, 5 de novembro de 2022

Sai do sereno, Serena

 

Sai do sereno, Serena

Disse a dona bonita

Seduzida pela rua

A gata no sereno fica

 

Desce do muro, Serena

Disse à gata zureta

Preocupada com a gata

A tutora faz careta

 

Entra pra casa, Serena

Insiste a tutora bendita

A gata hipnotizada

Só vê o que lhe cobiça

 

Venha comer, Serena

Abre o patê pra gatita

Sai do sereno correndo

E avança sobre a comida


Autor: Fido do Carmo

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Teoria dura

 

Minha tez que exalava poesia

Hoje sofre com a pura teoria

Se o conteúdo é duro como pedra

A forma carece de ser tão severa?


Autor: Fido do Carmo

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Febre do saber

 O que eu sei é tão pouco

O que não sei, quase tudo

Esse todo aumenta muito

A cada átimo de segundo

Eu busco, ando e luto

Mesmo se corresse sozinho

Ainda seria pouco... louco

Se a febre do saber me toma

Na alteridade eu mergulho

Arrefece o calor interno

Pois tudo que não sei

Certamente está no outro

Autor: Fido do Carmo

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Asas da paz

 

Asas da paz

 

Asas de conforto, envolvam-me!

Penas brancas de suave toque

Aqueçam-me no teu colo brando

E embalem o meu sereno sono


Autor: Fido do Carmo

sábado, 29 de outubro de 2022

Foice do tempo

 

O ontem, foice afiada do tempo

Que cortou aquele possível momento

E ceifou a lembrança do que não se viveu


Autor: Fido do Carmo

Onírico

 

Onírico

Minhas noites parecem jogos

Conduzidos pelo subconsciente

Com charadas embaralhadas

Que ficam dias na minha mente

 

Alguns deles desaparecem

Tão logo eu me desperte

Até tento voltar ao sonho

Mas o espírito segue inerte

 

Oh! Morfeu, deus dos sonhos

Mande-me formas inteligíveis

Que revelem o caminho

Desses enigmas inacessíveis

 

Os cenários arquitetados

Dos meus sonhos mais bizarros

Poderiam gerar belezas

Tal Dalí, Frida e Picasso

 

Mas tudo é tão insólito

Desmorona e me aflige

Nem Freud tá dando conta

Dos enigmas da Esfinge

 

Oh! Morfeu, deus dos sonhos

Mande-me formas inteligíveis

Que revelem o caminho

Desses enigmas inacessíveis


Autor: Fido do Carmo

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Devir

 

Devir


Daqui pra frente

Só quero vida, amor e revolução

E que as dores do passado

Fiquem como um denso manto

De cicatrizes marcadas e mortas

 

Daqui pra frente

Que venham as dores novas

Pois tenho o coração preparado

Com um escudo duro, casca grossa

Formado com cicatrizes sobrepostas

 

Daqui pra frente

O passado calará o grito.... silenciará

O medo será atropelado pelo tanque

Da vontade de viver tudo o que é ser

Porque o devir é o meu grande trunfo


Autor: Fido do Carmo

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Saudade

 

Sau

da

de

Palavra-igreja

Que congrega a falta

Do bem que se foi

Que reza a lembrança

Do gozo de outrora



Autor: Fido do Carmo

sábado, 22 de outubro de 2022

A morte do sim

 

A morte do sim

 

Há de florescer o melhor de mim

Nem que para tal eu decrete o fim

Da minha porção que sempre diz sim

 

Às vezes o não, parece ruim

Mas ele é vital, é bem, outrossim

Vou tirar as ervas daninhas do sim

 

Quais flores nascerão no meu jardim?

Será que o meu melhor cheira a jasmim?

A morte é a vida da cor carmim


Autor: Fido do Carmo

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Quintal da bicharada

Quintal da bicharada


Uma gatinha malhada

Pulou no meu quintal

Subiu no pé de manga

No encalço do pardal


A gatinha acinzentada

Residente do local

Animou-se e se pôs

A subir de modo igual


Um cãozinho peludinho

Dono da jurisdição

Revoltou-se com o agito

Começando a confusão 


O alvoroço inusitado

Despertou a atenção

E o pardal ergueu voo

Fugindo salvo e são


Lá do alto, o passarinho

Sentindo a tranquilidade 

Cantou forte o deboche

E voou em liberdade


Autor: Fido do Carmo

Chuva de primavera

 Chuva de primavera


Oh! Chuva de primavera

Umedece a minha terra 

Que a seca prisão do outrora

Inunde com as águas do agora


Autor: Fido do Carmo


terça-feira, 18 de outubro de 2022

Horas duras

 

Tempo. Temporal de horas duras.

Chove forte e eu sem guarda-chuva.

 

Dura. Dureza tempestiva e crua.

No solo teso evapora a ternura.


Autor: Fido do Carmo

Vilarejo

Vilarejo


Sinto-me preso no sopé de uma montanha

No vale, a força catabática frustra a subida

Mas crio asas e plaino nesta forte ventania

Esperançando luto pelo enleio da partida

 

Escudo-me no colo da elevada cordilheira

Como águia, fito o topo e empenho-me no desejo

De alcançar as alturas da visão emancipada

No horizonte, o vento bom daquele vilarejo

 

Projeto-me aos solos de uma nova geografia

Onde as asas são livres do tempo-dinheiro

E a existência é enfrentada com dignidade

Sem grilhões, as plantas dos pés geram viveiros

 

Autor: Fido do Carmo

domingo, 16 de outubro de 2022

Tronos

 

Tronos

 

Há tronos sem majestade

Onde todos são quase iguais

Na louça branca ou bege

Do Shopping e dos terminais

 

Na hora do desespero

Ninguém escolhe o assento

Quando chega sem sobreaviso

Faz perder o acanhamento

 

A posição comum a todos

Prostrados na defensiva

No alarido e sob o aroma

Da assentada meditativa


Autor: Fido do Carmo

sábado, 15 de outubro de 2022

Há de surgir

 

Há de surgir

 

Há de surgir um abrigo seguro

Cercado de fossos profundos

Com adarves e altos muros

Tão fortes que impedem o abuso

Do intruso poder iracundo

Que cega e faz tudo imundo

 

Há de surgir um sorriso largo

Faceiro como enredo criado

Com a trilha dos Novos Baianos

No embalo de braços amados

Com ébrios afetos forjados

No brasido dos enamorados


Autor: Fido do Carmo

Pobre poema

 

Pobre poema


Há dias em que tudo seca

Lágrima, sorriso e poema

Aonde outrora transbordou

Nada, por mais que esprema

 

Tento, esforço-me a sentir

Coloco-me aberto ao dilema

Com o riso e o olhar ressequido

Só me resta este pobre poema


Autor: Fido do Carmo



quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Mar da existência

 

Mar da existência


A calmaria do alto mar é momentânea

O tempo de tormenta sempre espreita

Atrevo a desbravar o mar da existência

Com o barco tímido de proa bem feita

 

Mas o leme as vezes pesa tanto, tanto...

Segurá-lo firme na tormenta é resistência

Num esforço vívido busco manter o fito

E impedir o desvio da bússola da sapiência

 

No limite da sobrevivência do amigo siso

O sopro brando da brisa marinha regressa

Nesse ínterim, refaço-me e ergo o espírito    

A alma, por pouco tempo, descansa sem pressa 


Autor: Fido do Carmo

Alvorada desejosa

 

Alvorada desejosa

Noites frias esquentadas pelas pernas quentes

Pelo afago do colo fragrante e candente

Que me levanta em plena alvorada fria

Aquecido pelo desejo de desfrutar da tua chama

O fim do inverno se anuncia

Ah, primavera!

Já é sentida no calor das tuas belas pernas


Autor: Fido do Carmo

(feito no fim do inverno de 2022)

12 versos de saudades

 

12 versos de saudades

Saudades dos tempos do dia inteiro na rua

De passar as manhãs jogando bola de gude

Dos manjares grátis dos pomares da estação

Da corrida pelas trilhas para o banho no açude

Do antes, do durante e do depois do futebol

De contar e se orgulhar das pilhérias épicas

De ficar o dia inteiro descalço sob a luz do Sol

Da época de soltar pipas e papagaios no céu

Da energia de viver correndo sem se cansar

Das feridas das quedas ser tratadas como troféu

De cada melhor amigo de toda cidade deixada

Lembranças da infância que aquecem a alma


Autor: Fido do Carmo

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Eu Sísifo

 

Eu Sísifo

Todo dia a pedra rola

Não tem hora prevista

Por vezes, rola a noite

Outras, na luz do dia

 

Empenho toda energia

Empurrando morro acima

No cume quase vencido

A força contrária intima

 

Recomeço é o meu nome

De sobrenome esperança

Caminhando com fé na vida

Do castigo faço mudança

 

Cada vez que tento subir

Algo em mim se modifica

As pernas ficam mais firmes

E a mente se purifica


Autor: Fido do Carmo

Vontade e razão

 Abram as janelas da alma  Destranquem vossos corações  Que o frescor da brisa praiana Tire o peso das más condições Que a beleza suplante a...